Esta receita representa para mim uma verdadeira
fusão sem preconceitos, juntando as experiências vegetarianas da cozinha
indiana com a culinária exótica do oriente, tendo o seu culminar na Malásia.
Foi a partir desta zona do globo que em meados do séc. XVIII, os malaios espalharam
as suas influencias culinárias através da rota das especiarias, aportando e
estabelecendo-se comercialmente nas cidades do litoral de Moçambique, trazendo consigo
os seus hábitos culinários extremamente odoríficos – utilizavam grande numero
de especiarias -, miscigenando-se com as tradições locais.
A minha mãe acabou por ser influenciada através do
convívio regular com amigas e conhecidas dessas origens, transportando para a
sua culinária esse saber.
Recordando outros tempos da minha infância e
juventude, quando sentia em casa estas fragâncias no ar, era criada a
expectativa de que este caril seria naturalmente acompanhado com Apas.
Curiosamente nos dias de hoje, quando me encontro a meio da confecção do caril
de batata, os meus filhos questionam-me se o acompanhamento será com Apas. Este
é sem margem para duvidas o caril preferido de toda a família.
Depois desta breve explicação desta maravilha culinária
passo ao modo de preparação:
Numa panela larga refogam-se 2 a 3 cebolas médias em 2
colheres de sopa de óleo até caramelizar e de seguida juntam-se 2 a 3 tomates médios maduros,
pelados e picados deixando apurar em lume mínimo mexendo sempre.
Quando o refogado estiver
apurado adicionamos os temperos secos, nomeadamente: para 1 frango/4 pessoas:
2 colheres de sopa de coentros
moídos
1 colher de sopa de cominhos
moídos
1 colher de sopa de colorau
1 colher de sopa de açafrão das
Índias
Uma ou duas estrelas de anis
1 pau de canela
Cardamomo e cravinho ao gosto
De seguida adiciona-se uma
chávena de água e deixa-se ferver, junta-se o frango aos pedaços pequenos em
conjunto com 4 batatas médias cortadas aos cubos, cobre-se com água,
rectifica-se o sal e pimenta preta ao gosto e deixa-se apurar em lume baixo até
a batata começar a desfazer-se, migando algumas de modo a engrossar o
molho.
Este prato pode ser acompanhado
com arroz branco solto ou na melhor das hipóteses acompanha-se com uma espécie
de pão vulgarmente usado no Norte de África, na Índia e na costa oriental de
África banhada pelo Oceano Indico. Este tipo de pão, dependendo da zona
geográfica é denominado de Apa ou Chapatí, em Moçambique no Paquistão,
Índia e Bangladesh, contudo, são a mesma coisa.
Passamos à sua confeção: Colocamos
3 chávenas de farinha de trigo numa tigela, 1 colher de sopa de óleo, sal q.b.
e incorporamos os ingredientes adicionando de seguida água até a massa ficar
macia, deixando repousar uma hora. Depois da massa repousada, fazemos um rolo
com 3 cm de
diâmetro e de seguida com uma faca cortam-se pequenos cilindros com 2 dedos de
comprimento, transformando-as em pequenas bolas. Com a ajuda de um rolo
estica-se cada bola em forma circular, ficando com o aspecto de uma panqueca e
vão-se acamando umas em cima das outras polvilhando entre elas com farinha para
não colarem. Após concluirmos esta operação passemos para a fase seguinte, para
isso necessitamos de uma chapa ou de uma frigideira grande que vai ao lume,
seca. Depois de bem quente colocamos as nossas Apas uma de cada vez na
frigideira durante aproximadamente 1
a 2 minutos de cada lado até ficarem ligeiramente
douradas e de seguida barra-se com manteiga ou margarina de modo ficarem
maleáveis. Finda esta operação, servimos o Caril de Batata acompanhado com as
nossas Apas ou Chapatis.