Depois de uma pausa
que serviu para refletir e quiçá confeccionarmos e degustarmos as “Receitas da
minha mãe” que tive o prazer de partilhar convosco, dou início a uma nova
aventura culinária.
Tenciono manter o
modelo inicial de contar histórias, pois antes de descobrir que tinha alguma
habilidade para os tachos já as contava.
Esta pausa serviu-me para
explorar e pesquisar todas aquelas receitas que fui acumulando ao longo da vida
e que irei apresentar nesta nova rubrica intitulada: “As minhas receitas”.
De minhas, assentam
apenas no facto de poder improvisar à semelhança do “jazz”, o meu género
musical preferido, como é do conhecimento de muitos de vós!
Para elaborar esta
receita, inspirei-me no álbum “Ahmad’s Blues” de Ahamad Jamal:
https://www.youtube.com/watch?v=l7RIDZulyHA, encontrando neste
género musical similitudes, como por exemplo: pegar num tema ou numa receita
“Standard” e adapta-la ao meu gosto, utilizando para o efeito produtos locais,
procurando não desvirtuar o tema ou a versão original, imprimindo-lhe
simplesmente um toque pessoal.
"Estão abertas as hostilidades”
A minha história
culinária começa em 1976 após a minha chegada à “Metrópole” vindo de Moçambique
e decorre de uma série de factores, dos quais destaco: o ser esquisito nas minhas
preferências alimentares, o aspecto económico, uma forma de satisfazer algumas
vontades e o desejo de comer alguns dos petiscos que comia lá na terra, alguns
feitos em casa pela minha mãe e outros nas tascas e petisqueiras na companhia
dos meus amigos.
Lembro-me
perfeitamente das minhas primeiras experiências gastronómicas, sobretudo daquela
que despoletou todo este fenómeno em redor dos tachos: a preparação de um
esparguete guisado com bacon e chouriço de carne, numa base de refogado com
cebola, tomate e uns dentes de alho, devido à falta de experiência e algum
receio no uso dos temperos, ficou um tanto desenxabido.
Uns tempos depois com
alguma liberdade e ousadia, voltei a repetir a receita, e dessa vez correu
muito melhor: comecei com uma cebola
média e uns dentes de alho finamente picados postos a alourar com um fio de
azeite num tacho, de seguida juntei uma chávena de pasta de tomate e meio
pimento vermelho de preferência, deixando apurar por uns minutos, juntei o
chouriço às rodelas e uns quantos pedaços de bacon, verti água até meio do
tacho deixando levantar fervura e adicionei uma colher de chá de ervas de
Provença, três ou quatro cravinhos, uma colher de sopa de colorau, umas pitadas
de flor de sal e pimenta preta ao gosto, após decorridos uns minutos juntei o
esparguete (em alternativa macarrão grosso ou fino) e deixei cozinhar até ficar
“al dente”, servi polvilhando com salsa (ou com coentros frescos picados).
Esta primeira
experiência, tem servido de padrão aos meus cozinhados, demonstrando que
podemos e devemos ser criativos arriscando assim na obtenção de um melhor
sabor, odor e apresentação, dando-nos a liberdade, para além de poder escolher
o prato a confeccionar, poder usar a imaginação sem preconceitos relativamente
ao resultado final.
Aconselho a qualquer
aspirante destas lides, (no qual me incluo) em não se deixar intimidar com
normas pré-estabelecidas, com receitas rígidas e com outras listas de pesos e
medidas, muito em voga nas revistas e sítios na internet e procurar a sua musa,
no meu caso o “jazz” e jogar com a sua imaginação sem receios de ferir
susceptibilidades, porque o que conta são os nossos resultados.
Outro factor não menos importante, tem a
ver com a escolha das especiarias e dos temperos, com ou sem referências às
nossas origens culturais e geográficas. Para mim, a culinária não é mais que um
conjunto de aromas, de sabores, de paladares e de aspecto, é como diz o ditado:
“os olhos também comem”, e eu acrescentaria: “o nariz também”.
Olha que este vou experimentar,pois tem um toque diferente!
ResponderEliminarOlá Carla, posso sugerir-te que juntes camarão ou frango desfiado ao refogado, para assim obteres outra iguaria.
ResponderEliminarFico a espera da tua experiência e que partilhes connosco !!!
Bjs