domingo, 12 de fevereiro de 2017

A MINHA SOPA…com quase todos!

No decorrer desta invernia, cíclica, que nos vem assolando sem dar tréguas aos nossos dias, vieram-me à memória lembranças dos meus primeiros tempos por terras Lusas, com a inevitável preparação para me adaptar a um clima totalmente diferente das minhas origens. Tenho presente que nos primeiros tempos, além da indumentária que se queria farta, frequentava certos restaurantes que serviam a dita “comida caseira”, composta por pratos fortes, tipo cozidos ou estufados, confecionados com uma miríade de verduras, carnes e enchidos, alguns dos quais, até então, não faziam parte da minha dieta.
De volta aos nossos dias, não há dúvida que as papilas gustativas, o olfacto e a nossa memória, levam-nos por vezes a viagens fantásticas, qual sonho que finalmente se concretiza, com direito a banda sonora e tudo, no caso, a cargo de Milt Jackson & Wes Montgomery - BagsMeets Wes!, recordar aquela mistura de odores, o paladar das várias carnes e enchidos e o imprescindível acompanhamento dos vegetais ao gosto de cada um, fazem-me crescer a água na boca, são memórias de tal maneira fortes, que decidi materializar esse sonho e elaborei uma lista de ingredientes e condimentos que poderão ser adaptados ao gosto de cada um...

Ingredientes:

·         ½ Frango
·         1 Alheira
·         1 Chouriço de carne
·         1 Morcela
·         100g de Bacon
·         2 Cebolas médias
·         4 Dentes de alho
·         2 Cenouras
·         4 a 6 Batatas pequenas
·         1 Nabo
·         300g de Feijão cozido (qualidade ao gosto)
·         1 Molho médio de couve de grelos ou de outra qualidade
·         Sal, pimenta preta e noz-moscada

Modo de preparação:

Pomos a cozer numa panela, em água temperada com sal, pimenta e outros condimentos ao gosto, ½ frango, durante aproximadamente duas horas, quando estiver cozido, reservamos o caldo e deixamos arrefecer o frango, até o podermos manusear sem nos queimarmos, retiramos a pele e os ossos, desfiamos a carne e reservamos.
Na mesma panela refogamos o alho e a cebola grosseiramente picados, num pouco de caldo, juntamos o recheio da alheira e deixamos que se desfaça, tendo em atenção que a alheira é a alma deste prato, de seguida juntamos metade do caldo e deixamos levantar fervura para adicionarmos a cenoura e o nabo cortado aos cubos, o chouriço sem pele cortado às rodelas e o pedaço de bacon, tudo a cozer em lume brando, entretanto descascamos as batatas e cozemos no restante caldo juntamente com as couves e reservamos.
Quando a cenoura estiver cozida juntamos o feijão préviamente cozido, a couve, o bacon fatiado fino, o frango desfiado, a morcela e o resto do caldo, deixando cozer durante meia hora, sempre em lume brando, rectificam-se os temperos e serve-se bem quente.
Não queria terminar esta receita sem deixar de referir que a essência desta sopa está na utilização da alheira, a quem se retirou a pele e se deixou desfazer durante a cozedura. Existem no mercado muitos tipos de alheira: desde a tradicional até à versão vegetariana, todas ótimas para confecionar.


Boa audição e bom apetite…


domingo, 15 de janeiro de 2017

O MEU IMPROVISO DE TARTE DE FRANGO


Na sequência da última postagem (a primeira do ano), dedicada, sobretudo, a um tipo de culinária despreocupada ou fora da norma, que surge quando começamos a acumular no frigorifico sobras de umas e outras preparações que ainda não foram confecionadas.
Nesta linha de pensamento e com o intuito de eliminar o desperdício, improvisei este prato reutilizando as “sobras” de couve da consoada e meio frango assado do jantar do dia 1 de Janeiro, mas, não quer dizer que não possamos utilizar produtos novos (por ex. camarão, atum, cogumelos, cenoura, agrião, etc.). Para a confeção desta tarte, utilizei uma forma redonda de Ø26cm, que poderá ser retangular, conforme o gosto de cada um.
Confesso que o resultado foi de tal maneira surpreendente que não resisti a partilhar convosco mais esta receita. Será um incentivo para quem desejar iniciar-se nestas aventuras, um bom exercício de aprendizagem e criatividade, tendo em conta que estamos a cozinhar para nós e quando muito para a nossa família ou amigos, a escolha da banda sonora recaiu em - Red Garland – Groovy– pela sua enorme criatividade e improviso.

Passemos então à lista de ingredientes e condimentos:

Ingredientes:
·         350g de farinha de trigo
·         150g de manteiga ou margarina
·         1 Colher de chá de sal
·         1 Colher de chá de fermento em pó
·         Água fria
·         1 Ovo

Para o recheio:
·         400g de carne de frango desfiado
·         50g de chouriço de carne picado
·         1 Cebola média picada
·         4 Dentes de alho picado
·         Couve cozida
·         100g de ervilhas
·         Azeite
·         Sal, pimenta preta e noz-moscada 

Modo de preparação:

Numa tigela, colocamos a farinha, o fermento, o sal e a manteiga, com as mãos misturamos tudo de modo a integrarmos os elementos, acrescentando água aos poucos até a massa se soltar das mãos, fazemos uma bola, que envolvemos em película aderente e deixamos repousar no frigorífico enquanto preparamos o recheio (podemos optar, sem prejuízo, pelas embalagens de massa fresca, quebrada ou folhada).
Para a confecção do recheio devemos antecipadamente cozinhar numa panela, ½ frango, limpo das vísceras, em água temperada com sal e pimenta e outros condimentos ao gosto, durante aproximadamente uma hora e deixamos arrefecer até podermos manusear sem nos queimarmos, tiramos a pele e os ossos, desfiamos a carne e reservamos.
Levamos ao lume numa frigideira larga, de preferência antiaderente, o alho e a cebola a frigir num fio de azeite até ganhar cor, juntamos o chouriço picado, deixando que liberte um pouco a sua gordura e de seguida fazemos um roux: (forma básica da culinária, que consiste em adicionar farinha de trigo ou outra, em manteiga ou outra gordura bem quente, até formar um creme, adicionando um liquido ou leite de modo a obtermos um molho espesso), adicionamos as ervilhas e o frango, misturando de modo a ficar tudo integrado, retificamos os temperos e reservamos.
De volta à massa, dividimo-la em duas bolas, estendemos com um rolo, uma das bolas, formando um círculo e forramos a base da tarteira, deixando meio centímetro de massa em todo o rebordo. De seguida, começamos a encher por camadas: primeiro, metade da couve previamente picada, de seguida, o frango distribuindo-o uniformemente e finalmente a restante couve, cobrindo com a massa da segunda bola, previamente estendida. Selamos o rebordo fazendo uma leve pressão com os dedos e com auxílio de uma faca, fazemos pequenos golpes para escoar o excedente do vapor. Finalizamos pincelando a cobertura com o ovo previamente batido. Vai ao forno pré-aquecido a 160° durante 30 minutos, depois mais 15 minutos a 210° para tostar a cobertura.
Boa audição e bom apetite…


domingo, 8 de janeiro de 2017

O MEU IMPROVISO DE BACALHAU À BRÁS



Com a chegada de mais um ano que se adivinha “um bom ano para todos” e no âmbito deste meu registo de receitas, tenho numa base quase experimental utilizado sobretudo o método do improviso. Pego em receitas, umas seculares, outras do nosso quotidiano e modestamente, atrevo-me a actualiza-las e a simplifica-las segundo o meu gosto, utilizando para tal os produtos que o mercado local nos oferece, aliando estes, aos condimentos e temperos de fusão, misturando as culturas e culinárias ocidentais com as orientais carregadas de aromas, paladares e coloridos irresistíveis...
Há algum tempo que tenho vindo a idealizar umas quantas receitas rápidas e de fácil execução, por exemplo: um Bacalhau à Brás, que a meu ver é daqueles pratos que podem e devem ser feitos sem grande esforço e com alguma destreza, ou seja, algo que está ao alcance de qualquer um, desta vez escolhi como enredo musical para nos fazer companhia o excelente improviso do Lee Morgan - MidtownBlues.  
Depois desta breve retrospectiva, passemos então aos ingredientes:

Ingredientes:

·         250g de bacalhau cozido e desfiado (*)
·         4 Batatas médias (**)
·         2 Cebolas médias
·         4 Dentes de alho
·         2 Ovos
·         100ml de natas
·         Azeite
·         Salsa fresca
·         Sal, pimenta e nós moscada

Modo de preparação:

Descascam-se as batatas e cortam-se em palitos finos, lavam-se a fim de perderem parte da goma, de seguida secam-se muito bem, fritamos até ficarem estaladiças e reservamos.
Leva-se ao lume numa frigideira larga, de preferência antiaderente, o alho picado e duas colheres de sopa de azeite e deixa-se frigir, de seguida adicionamos o bacalhau, envolvendo tudo de modo a que o bacalhau absorva os sabores e ganhe alguma cor (âmbar), seguidamente junta-se a cebola cortada em meia-lua, continuando a envolver (em lume alto) para que a cebola cozinhe e fique integrada na mistura, altura para condimentar com uma pitada de noz-moscada, sal e pimenta preta ao gosto. Finda esta etapa, começamos por envolver gradualmente as batatas fritas mexendo sempre de baixo para cima, adicionamos os ovos batidos, continuando a misturar de modo a não deixar pegar ao fundo da frigideira, até secar, tiramos do lume e envolvemos todo o preparado com as natas.
Serve-se de seguida com uma pitada de salsa ou cebolinho fresco picado…
Boa audição e bom apetite…

Nota: (*) O bacalhau pode ser o que se encontra à venda já desfiado.

          (**) Em alternativa à batata frita caseira, podemos utilizar as de pacote.