Lembro-me
de quando tinha cinco anos e a minha mãe um dia ter utilizado um dito que não é
nada estranho ao pessoal da minha geração: “se dizes asneiras ponho-te piripiri
na boca”, e eu levando à letra o que ela me dissera, nunca mais deixei de as
dizer…
Voltando
ao presente, ao longo de pouco mais de uma dezena e meia de postes tenho vindo
frequentemente a referir o uso de piripiris e outros derivados, com o intuito
de proporcionar uma experiência diferente através do aumento da temperatura corporal
e um certo ardor na boca, o que para uns é extremamente desagradável, para outros a utilização de picantes é
indispensável.
Se
existe um vegetal, especiaria ou condimento digno de figurar no “Panteão” das
glórias culinárias, essa distinção, vai sem dúvida para o Capsicum frutescens, vulgo, pimenta da terra, piripiri, gindungo etc…
Degustado
nos quatro cantos do mundo,
este vegetal com origem na Mesoamérica, foi trazido para a Europa por Cristóvão
Colombo nos finais do séc XV e mais tarde, em meados do séc XVII, embarcado nas
naus Portuguesas, percorreu a rota das especiarias no seu retorno, sendo
prontamente adotado e cultivado pelos povos do sul da India (Goa), tornando-se
na nova estrela da companhia e indispensável no acompanhamento e produção de
novos pratos.
Existe
o mito de que o caril é sinónimo de comidas extremamente picantes,
confeccionadas com piripiris bastante agressivos, normalmente degustadas por
pessoas com um palato fora do normal…
No
meu caso em particular, não tenho por hábito, preparar as refeições incorporando
no preparado quaisquer picantes, salvo quando os convivas são todos amantes do
mesmo. Respeitando a zona geográfica onde estou inserido e as pessoas que
normalmente partilham comigo as diversas formas de caril tenho por costume,
preparar à parte algumas misturas de piripiris, umas vezes secos em pó e outras
vezes misturados com frutas tropicais e outros condimentos, denominados de Chatiní.
Das
múltiplas variedades que já experimentei, vou exemplificar apenas três:
(1) – Chatiní de Cebola:
1 Cebola média cortada em ½ lua fina, sal q.b.,1 ou 2 colheres de chá de
piripiri seco moído (bastante picante) e sumo de ½ limão.
(2) – Chatiní
de Tomate: 4 ou 6 tomates cereja assados no carvão ou no bico do
fogão e esmagados, sal q.b. 1 ou 2 colheres de chá de piripiri seco moído
(bastante picante) ) e sumo de ½ limão.
(3) – Chatiní Verde:
6 a 8 malaguetas verdes muito picantes trituradas com 1 ramo de coentros
frescos, sal e sumo de ½ limão até ficar uma pasta.
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