3 – CARIL À MOÇAMBICANA
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ma breve explicação acerca da existência
desta iguaria, naturalmente atribuída à Índia em geral, o que não deixa de ser
verdade, com a excepção do caril que é confeccionado em Moçambique e que tendo sofrido
uma série de mutações e adaptações tanto na introdução como na exclusão de
alguns ingredientes, devido ao facto de ter sido influenciado directamente pela
cultura Goesa (Indo-Portuguesa) quando a costa de Moçambique servia de
entreposto e rota das especiarias e ter no decorrer dos séculos, influências, directa
ou indirectamente no apuramento dos sabores, adaptando com sabedoria muitas
vezes empírica, misturando paladares de origens diversas, tais
como, europeias, chinesas, árabes,
indianas, malaias e africanas, com as especiarias do Oriente.
É assim que nasce o conhecido “Caril à
Moçambicana” tão ao gosto dos Portugueses oriundos de Moçambique, no meu
caso em particular, o que foi passado pela minha mãe e a ela, de familiares e
amigos.
O chamado “Caril” é uma mistura de
condimentos e especiarias conforme as zonas geográficas e familiares; não
confundir com o pó de caril de cor amarelada à venda nas lojas. Esse é o caril
instantâneo (curry) inventado pelos Ingleses aquando da sua ocupação da Índia,
desde os finais do séc. XVIII até meados do séc. XX. Voltando ao “nosso” caril
ou seja aos ingredientes, passo de seguida a enumera-los pela sequência que me
foi transmitida. Normalmente adquiro-os nas lojas da especialidade,
preferencialmente em grão ou em semente para que possamos aquecê-las
rapidamente, avivando os seus óleos e aromas, moendo-as na hora da confecção do
molho base do caril. (Sem querer ferir
quaisquer suscetibilidades, porventura existirão
outros condimentos a acrescentar a esta lista para aprimorar o molho base do
caril.)
INGREDIENTES (especiarias da minha cozinha)
Sementes de coentro (grão)
Sementes de cominhos (grão)
Açafrão das Índias (pó)
Colorau ou pimentão-doce
Cardamomo
Anis estrelado
Gengibre fresco ou
em pó
Pimenta preta em
grão
Noz-moscada
Piripiri
Cravinho
Pau de canela
Coco ralado
Leite de coco
Amendoim
Farinha de grão
MODO DE PREPARAÇÃO
Começamos com um
refogado que é o processo base da denominada dieta mediterrânica que os portugueses e os espanhóis, difundiram pelo mundo
durante o processo de colonização. Para a sua confeção
utiliza-se cebola picada ou às rodelas, sendo frígida em azeite ou em outra
gordura até ficar com um tom âmbar, juntando-se em seguida o tomate, fresco ou
em conserva, sempre em lume brando de modo a obter um molho uniforme.
Dependendo do tipo de prato a criar poder-se-á adicionar louro ou outro género
de ervas aromáticas. É normalmente assim que começam os guisados, tendo sido
adaptado também como base em alguns pratos exóticos como o caril.
Para o refogado
necessitamos de:
2 Cebolas picadas.
2 ou 3 dentes de alho esmagados
ou picados.
2 ou 3 Tomates ou 1 chávena de
chá de massa de tomate.
3 Colheres de sopa de óleo de
amendoim ou outro. (nunca azeite, sem querer ferir quaisquer suscetibilidades,
visto que o azeite per si tem propriedades de condimento e iria ou seria
ofuscado pelos odores e sabores das especiarias mais exóticas)
Depois da cebola
ficar dourada junta-se 1 chávena de chá de tomate e deixa-se apurar em lume
brando.
Para a mistura dos condimentos
procede-se da seguinte forma:
2 colheres de sopa de coentros
moídos.
1 colher de sopa de cominhos
moídos.
1 colher de sopa de colorau.
1colher de chá de açafrão das
Índias.
Misturam-se os
condimentos numa tigela com um pouco de água morna e umas gotas de vinagre até
se transformar numa pasta e junte ao refogado, adicionando a mesma quantidade
de água da tigela, 1 colher de chá de sal grosso e deixa-se apurar durante 30
min. em lume brando, mexendo de vez em quando. Findo esse tempo junta-se o conteúdo de
duas latas de leite de coco mexendo sempre até levantar fervura e de seguida
junta-se a galinha ou o marisco (camarão, caranguejo ou outro), deixando ferver
o tempo necessário para que a carne ou o marisco fique cozido, desligando o
lume e deixando o caril em repouso para que o leite de coco ligue com os
condimentos e não coalhe. A aproximadamente uma hora antes de servir coloca-se
novamente a panela com o caril ao lume mexendo sempre até levantar fervura
deixando ferver em lume brando, rectificando o sal, mexendo de vez em quando
até à hora de servir. Depois de tirar a panela do lume espreme-se meio limão
por cima do caril mexendo e de seguida serve-se de preferência com um arroz de
coco mas isso fica para a próxima história.
Na Índia, os
condimentos são colocados em primeiro lugar a frigir no óleo normalmente de
coco e de seguida vem a cebola, alho e depois o tomate se for caso disso,
processando o resto da forma anterior. A explicação para este modo é simples;
Após a chegada dos portugueses, o refogado na sua forma original foi sendo
assimilada de forma gradual, com a particularidade de quem quer dominar tenta
que o seu modo de estar esteja em primeiro lugar e no fundo foi o que viria a
acontecer no que diz respeito à introdução de uma série de vegetais, tais como
o tomate e os pimentos e o piripiri, influenciando desta forma, no decorrer dos
séculos a cultura culinária indo portuguesa.
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