sábado, 18 de abril de 2015

Com um misto de picante, adocicado um aroma distinto e misterioso, a Canela (Cinnamomum zeylanicum), originária do Ceilão, hoje Sri Lanka geograficamente situado a sul do subcontinente indiano, tendo sido difundida no ocidente através da rota da seda a par da pimenta, mencionada desde tempos imemoriais, com registos no antigo testamento. Foi utilizada no antigo Egipto, para além de condimento, mas também como elemento indispensável em rituais funerários e de embalsamamento, tornando-se por esse facto uma especiaria com bastante procura, tornando-a extremamente cara. Nessa época na China, a canela, conhecida por cássia. No campo da culinária e doçaria, simples ou conjuntamente com outras especiarias tornou-se indispensável em qualquer cozinha dos nossos dias.
Outra especiaria originária da China é o Anis estrelado (Illicium verum), é uma especiaria que quando usada em conjunto com outras, obtêm-se temperos que favorecem o degustar de uma série de pratos que só por si seriam insípidos, acentuando-lhes certos paladares pouco relevantes. Faz parte da mistura chinesa que tradicionalmente é composta por cinco elementos: anis estrelado, erva-doce (sementes de funcho), canela, cravinho e pimenta preta, indispensável para acentuar os sabores da carne fundamentalmente do porco.
Para fechar com chave de ouro esta já longa lista de algumas das principais especiarias apresento o Gengibre (Zingiber officinale), é um rizoma originário de Java, Índia e China. Foi introduzido na Europa por mercadores árabes na sequência da rota da seda. Muito usado na idade média, principalmente, na terapêutica de algumas enfermidades do foro respiratório, produzindo-se a partir dele, xaropes e tisanas para o tratamento de constipações ou para a melhoria da voz dos cantores e outros oradores que da voz faziam vida. Na gastronomia, com um sabor ligeiramente picante é naturalmente usado tanto em pratos doces como salgados. É sobejamente utilizado na
confecção de um grande número de pratos da culinária chinesa e indiana. Tem a particularidade de se poder utilizar fresco, em pó ou cristalizado, este ultimo preferencialmente em pastelaria e doçaria.
 Para um bom desempenho na confecção das receitas que irei apresentar, existe um local onde é possível adquirir toda esta panóplia de especiarias. Este local fica situado em Lisboa, no Martim Moniz, mais especificamente no Centro Comercial da Mouraria. Este Centro reúne um conjunto de lojas cujos donos têm as mais diversas origens, destacando-se as de origem chinesa, indiana, paquistanesa e africana e outras. Nestas lojas podemos encontrar um universo de produtos originais, como se nos deparássemos com um mercado do tempo da rota da seda. Depois deste pequeno roteiro pelo universo das especiarias, é chegado o momento de apresentar as tais receitas que ao longo dos tempos fui retendo na memória, replicando-as sempre que possível, não descurando a liberdade de proceder a algumas ligeiras alterações quanto á confecção e mistura de condimentos, com o cuidado de não desvirtuar a base das mesmas, adaptando-as á nossa realidade geográfica e cultural.
Começamos com o que denominei de “Caril à Moçambicana” devido à sua forma inicial da fusão culinária multi cultural de Moçambique nos meados do séc. XlX e inícios do séc. XX.

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